segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Lanchas voadoras apreendidas são usadas pelas polícias

Não têm qualquer identificação e "voam" sobre as águas entre Marrocos e a costa portuguesa carregadas de haxixe. Uma rotina que por vezes é detectada pelas autoridades. Esta semana uma lancha rápida usada por traficantes foi encontrada à deriva na zona da Barrinha, junto à Praia de Faro. Deverá passar para a posse da força de segurança responsável na altura pela operação de combate ao narcotráfico - neste caso, a Polícia Marítima.

A Unidade de Controlo Costeiro da Guarda Nacional Republicana (GNR) no Algarve e mais recentemente a Marinha Portuguesa têm sido as beneficiadas com o equipamento, que é "mais rápido do que qualquer outra embarcação", como reconhecem vários agentes. A Autoridade Marítima do Sul vai requerer ao tribunal, após a conclusão do respectivo processo, a utilização da lancha que encontrou à deriva. Em terra foram recolhidos 74 fardos com um total de 2,5 toneladas de haxixe, além de terem sido identificados quatro suspeitos portugueses.

Com esta ascendem a quatro lanchas apreendidas em 2010, três das quais no Algarve - duas em praias da zona da Figueira, no concelho de Vila do Bispo, e uma perto da Praia de Faro, a que se junta uma outra em Aveiro. Mas as que acabam por escapar ninguém sabe ao certo, embora alguns até admitam que poderão ser "dezenas" por ano ao longo de uma extensão área costeira.

Uma lancha com dez a 15 metros de comprimento pode transportar, em média, duas toneladas ou mais de haxixe desde Marrocos. Na costa algarvia, as autoridades procedem a acções de vigilância até cerca de seis milhas, utilizando o OPAL, aparelho de vigilância nocturna com infravermelhos para detectar embarcações com movimentações consideradas suspeitas. Mas as informações transmitidas por pescadores são muitas vezes cruciais na perseguição aos traficantes e na apreensão da droga após as descargas nas praias.

Também a Guardia Civil espanhola alerta as autoridades portuguesas, após detectar nos seus radares embarcações suspeitas. Em Portugal o SIVIC (Sistema Integrado de Vigilância e Comando e Controlo), com radares na costa portuguesa, fixos e móveis, além de câmaras de vigilância nocturna e antenas de comunicação ligados ao centro de comando, em Lisboa, que permitirá mais eficácia durante as 24 horas,) continua sem funcionar. O que não facilita a tarefa de quem está no terreno.

Além disso, os traficantes, na sua maioria marroquinos, a que se juntam outros cidadãos provenientes do Norte de África em lanchas voadoras estão organizados em redes de narcotráfico, contando com informadores e vigilantes, muitos deles imigrantes de países de leste europeu.

Cada um pode receber entre mil e dois mil euros numa operação. Muitos deles vigiam as autoridades junto às capitanias e quando sai uma embarcação da Polícia Marítima, é de imediato reportado aos traficantes que se encontram no mar. Estes só avançam se houver condições de segurança para as descargas nas praias. Por vezes, chegam a actuar com dois três semirígidos em simultâneo em várias direcções, a fim de tentar iludir as autoridades.

Quando as autoridades conseguem interceptar a embarcação antes desta chegar à praia, os traficantes tentam a fuga e lançam os fardos para a água, tornando mais leve a própria lancha.

Há três anos, foram interceptadas três embarcações, mas as autoridades reconhecem tratar-se de uma missão difícil por serem resistentes e bastante rápidas. Paradoxalmente, à medida que foram tendo mais lanchas dos traficantes, as autoridades ficarão melhor apetrechadas... Só em 2010, a Unidade de Controlo Costeiro da GNR já apreendeu no Algarve 12,5 toneladas de haxixe, valor superior ao registado no ano passado. Mas bastará aos traficantes uma noite bem sucedida para conseguirem rentabilizar em milhões de euros a droga que, em seguida, é transaccionada no mercado europeu.
(Noticia: Diário de Noticias)

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