terça-feira, 16 de novembro de 2010

Algarvios já enchem supermercados de Ayamonte aos dias de semana

«Ainda com a taxa de IVA a 21 por cento, há produtos iguais, em Espanha, que podem custar menos 2,5 euros. Associações temem que agravamento da taxa instale cenário de “romaria“.

O ar despachado com que Ana e Mário percorrem os corredores do supermercado de uma cadeia internacional – também com presença em Portugal –, na não muito distante cidade espanhola de Ayamonte, revela não lhes ser estranha a disposição da loja, muito menos os produtos a comprar.

Embora se veja um pouco de tudo no carrinho, os detergentes e produtos de higiene, desde sempre mais baratos do outro lado da fronteira, mostram estar em maioria no lote de compras.

“É um hábito virmos aqui à sexta-feira ou ao sábado. Já sabemos quais são os produtos mais baratos e no fim acaba sempre por compensar porque, antes de irmos embora, ainda vamos meter gasolina“, disseram ao ‘barlavento‘.

Como este casal, muitos outros portugueses aproveitam uma normalíssima tarde de sexta-feira para irem a Espanha fazer as compras da semana ou encher o depósito do carro. Apesar de não ser novidade, a quantidade de matrículas portuguesas que circulam numa das principais avenidas de Ayamonte, a um dia de semana, é capaz de surpreender um algarvio menos habituado às lides raianas.

Mas vamos às comparações. O ‘barlavento’ foi às compras no mesmo supermercado em Portugal e Espanha e descobriu diferenças. Apesar de, na generalidade dos produtos de marca branca, as disparidades não serem substanciais, é nas marcas de referência que se verificam as principais diferenças.

As bolachas, as conservas, os chocolates e os cereais de pequeno-almoço são, desde logo, alguns dos produtos que vale a pena comprar em solo andaluz, onde as diferenças de preço quase ascendem a um euro (a menos).

A partir do dia 1 de Janeiro de 2011, as diferenças serão ainda maiores, visto que a maioria destes produtos, atualmente taxados a 21 por cento em Portugal, serão agravados em dois pontos percentuais na tabela de IVA.

Mas as grandes disparidades verificam-se sobretudo nos produtos de higiene. Aqui, as comparações entre supermercados de insígnias diferentes podem significar até 2,5 euros de poupança, no caso de um gel de banho, o mesmo acontecendo na alimentação para animais, onde, pelo mesmo preço de Portugal, se compra em Espanha quase o dobro da quantidade.

E poderá a subida de IVA agravar as corridas ao lado de lá da fronteira? Perante o cenário de crise, o presidente da Associação do Comércio e Serviços da Região do Algarve (Acral) acredita que sim, sobretudo nas áreas de proximidade fronteiriça.

“A consultora Nielsen tem vários estudos que apontam que a zona de influência de uma fronteira se estende até 70 quilómetros [o equivalente a Vilamoura], distância que se pode vir a alargar com a subida do IVA em Portugal“, ilustrou João Rosado.

Apesar de alguns produtos do chamado “cabaz essencial” de compras, como as margarinas, afinal, não passarem para a taxa máxima, João Rosado não tem dúvidas de que, no caso da concorrência com Espanha, “o IVA continuará a ser o pior inimigo“, temendo, por isso, que alguns cenários “de romaria” dos anos 80 se voltem a registar.

E Vila Real de Santo António, a cidade algarvia mais próxima de Espanha, poderá a ser a principal afetada? De acordo com o presidente da Associação de Desenvolvimento da Baixa de VRSA José Lança, apesar da iminência das novas taxas de IVA, a associação tem estado sobretudo preocupada em implementar estratégias para trazer visitantes até à zona histórica da cidade, nomeadamente através da promoção em Espanha.

“Há setores que estão a beneficiar e podemos dizer que já conseguimos trazer para a cidade duas lojas de insígnias internacionais“, afirma. Apesar disso, e tendo em conta a realização de uma série de reuniões com todos os comerciantes da cidade, nas próximas semanas, com vista a preparar o novo regime de ocupação do espaço público, a subida do IVA e a concorrência espanhola “será certamente um dos temas a abordar“, nota José Lança.»
(Noticia: barlavento)

Depois de, ainda recentemente, um nosso conhecido presidente de Câmara ter mandado a sua frota automóvel abastecer em Espanha com o dinheiro dos nossos impostos como é que podemos criticar as famílias que procurem encher a dispensa de casa comprando mais barato em Espanha.

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