quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Algarve: União dos Sindicatos acusa Governo de ter atitude "criminosa" ao "facilitar despedimentos"

A União dos Sindicatos do Algarve acusou hoje o Governo de ter uma atitude “criminosa” ao propor medidas para “facilitar os despedimentos” e alertou que a região pode chegar a janeiro com “valores nunca antes atingidos” de desemprego.

A estrutura sindical fez hoje um protesto na baixa de Faro e entregou no Governo Civil um conjunto de presentes com inscrições sobre medidas de austeridades para, segundo o dirigente António Goulart, “num gesto simbólico devolver ao Governo as ‘prendas’ que deu aos trabalhadores”.

Cerca de três dezenas de dirigentes sindicais marcharam pela Rua de Santo António e Jardim Manuel Bívar até ao Governo Civil e levaram as “prendas” onde se podiam ler: “redução de salários”, “aumento do pão 12 por cento”, “aumento da eletricidade 3,8 por cento”, “despedimentos”, “destruição de carreiras” ou “grupo Alicoop em perigo”.

O dirigente da União dos Sindicatos considerou que as medidas “estão a direcionar o essencial dos sacrifícios para as camadas mais desfavorecidas da população e os trabalhadores” e “não resolvem a crise”, porque “vão introduzir na economia um efeito recessivo, estrangular as micro, pequenas e médias empresas e conduzir a um crescimento do desemprego”.

Isto "num quadro em que no país temos cerca de 600 mil desempregados e na região, segundo dados oficiais, tínhamos em novembro mais de 28 mil. E tudo se perspetiva para que cheguemos ao mês de janeiro com valores nunca atingidos na região”, alertou.

António Goulart disse que as “perspetivas apontam para 33 mil desempregados em janeiro” e “uma taxa de desemprego perto dos 15 por cento”, mas frisou que a “estimativa pode pecar por defeito” porque “surgem todos os dias encerramentos de empresas e despedimentos coletivos", de que são exemplo a Groundforce, a Unicofa ou o grupo Luna Hotéis.

“Chamo também a atenção para a situação particularmente difícil que atravessa a Alicoop. É urgente que sejam concretizadas as promessas de apoio por parte do poder político e do Instituto de Apoio as Pequenas e Médias Empresas (IAPMEI), porque corremos o risco de também aí termos mais uma centenas largas de trabalhadores com o posto de trabalho em perigo e muitas micro empresas da região a desaparecerem”, acrescentou o dirigente sindical.

António Goulart defendeu que “o normal era o Governo adotar políticas de promoção do emprego”, mas considerou que “as medidas anunciadas para discussão, nomeadamente sobre a possibilidade de embrandecer despedimentos, estão a fazer um descarado e imoral convite ao desemprego”.

“É inadmissível esta situação e creio mesmo que, no quadro em que o país vive, é criminoso falar em facilitação de despedimentos”, afirmou.

À chegada ao Governo Civil de Faro, a União dos Sindicatos foi recebida pela adjunta da governadora (Isilda Gomes), que ouviu os motivos do protesto e garantiu que os transmitiria à responsável do Governo da república na região do Algarve.
(Noticia: Região Sul)

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