sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Portagens. Contestação e populismo

A oposição à cobrança de portagens na Via do Infante é assunto que une os algarvios.

A cobrança de portagens na A22 constitui uma má decisão política do Governo, fruto de uma exigência do PSD, que terá consequências muito nefastas na economia regional, tanto ao nível das empresas como das famílias, uma vez que implica um custo acrescido à mobilidade inter-regional dos algarvios.

Assim sendo, a fraca adesão dos algarvios à Comissão de Utentes da Via do Infante e às suas iniciativas, só pode ser explicada à luz da intenção do Bloco de Esquerda de controlo e monopolização de uma justa contestação popular. Percebendo a motivação política do Bloco de Esquerda, aliado à ainda débil penetração social e organização desta força partidária, os algarvios, desconfiando dos verdadeiros objectivos desta iniciativa, afastaram-se desta falsa comissão de utentes.

Sem uma organização regional capaz de liderar a oposição algarvia às portagens na Via do Infante, o presidente da Amal e da Câmara Municipal de Faro tentou esta semana polarizar a contestação, apelando aos algarvios para que se recusem a pagar portagens.

Não sabemos se a Amal assumirá as multas dos algarvios que não paguem no futuro as portagens, ou se será o próprio e os demais presidentes de câmara a custear as coimas, mas para o que agora importa é que este convite à desobediência civil expressa bem o populismo de que é feita a intervenção política de Macário Correia.

O que diria o presidente da Câmara de Faro se a oposição na Capital Algarvia seguisse, irresponsavelmente, pela mesma cartilha política.

Se o PS apela-se aos farenses que se recusassem a pagar pela utilização das piscinas, dos campos de jogos, da pista de atletismo ou do centro náutico que nuns casos nunca foram pagos e noutros sofreram aumentos brutais. Se o PCP apela-se aos farenses para não pagarem as facturas da Fagar. Se o Bloco de Esquerda apela-se aos farenses para não pagarem parquímetros. Se o Movimento de Cidadãos com Faro no Coração apela-se aos farenses para não pagarem IMI e Derrama.

A luta e a contestação contra as portagens na Via do Infante é justa mas o caminho da liderança política regional não é, não pode ser, o do populismo básico, serôdio e provinciano.

É por esta razão maior, e não por serem a favor das portagens na Via do Infante ou por seguidismo partidário, que considero que os autarcas do PS na Amal devem repudiar e distanciarem-se deste apelo anarquista ao boicote.

O caminho da afirmação política e da afirmação da democracia não se faz com receio de perder votos no imediato, nem com cedências ao populismo.

1 comentário:

  1. O Macário não tem um pingo de vergonha,mas está bem assessorado por "gente com peso" do PS/Faro. Viva Faro.

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