quarta-feira, 16 de junho de 2010

Jornalismo domiciliário

A Agência Lusa decidiu encerrar a sua Delegação em Faro e, acto contínuo, também as delegações de Coimbra e Évora. Os jornalistas continuam a trabalhar mas agora a partir das suas casas, naquilo que o Presidente do Conselho de Administração classifica como a generalização do teletrabalho.


Não é caso único.
No Algarve já fecharam no passado recente a Delegação do Público e a do Diário de Noticias, outras reduziram o número de colaboradores, sendo que alguns jornais nacionais optam por ter nas regiões freelancers ou, alguém que, trabalhando para mais do que um órgão de comunicação social, faça um preço mais em conta.
Do ponto de vista estritamente financeiro e económico de uma empresa privada estas opções parecem inatacáveis. O problema é que a Lusa não é uma empresa privada e o jornalismo é algo muito mais sério do que uma mercearia.
Diz o Presidente do Conselho de Administração da Lusa que vai poupar dinheiro aos contribuintes o que, nestes tempos de crise, deverá ele julgar, deve-lhe merecer uma qualquer comenda no próximo 10 de Junho.

Não merece.
A Lusa é a Agência de Noticias de Portugal e, sendo este um serviço público de informação, as contas entre o deve e o haver não podem ser o argumento mais forte, nem podem ser descuradas as condições de trabalho dos seus profissionais e a sua qualidade, dedicação e exclusividade.
Em vez de olhar apenas para o mealheiro, o Conselho de Administração da Lusa deveria era pugnar pela maior qualidade da cobertura noticiosa das regiões, Algarve inclusive, exigindo mais investigação e histórias exclusivas aos seus colaboradores.

Mas não. Hoje fecha-se a delegação e amanhã, quem sabe, contratam-se estagiários a recibo verde renováveis indeterminadamente, como agora defende Pedro Passos Coelho, e aposte-se como os resultados financeiros vão ainda ser melhores. A qualidade jornalística, único objectivo da empresa, é que será pior. Mas isso são contas que não se fazem na administração da Lusa.

3 comentários:

  1. Apesar de me rever na sua opinião a verdade é que para fazerem notícias com base nos comunicados de imprensa das câmaras não é preciso mais do que lhes estão agora a dar.

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  2. Mais um serviço público que acaba em Faro.

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  3. Quando, à custa dos cortes, a qualidade da informação fôr sufrivel virá outro administrador propôr que o melhor é acabar de vez com a agência e, nessa altura, ainda poupam mais.
    Silvia

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