Já aqui tínhamos chamado a atenção para os perigos da discussão sobre o tipo de equipamentos públicos a instalar em cada urbanização recair sobre os seus habitantes.
Depois da Horta das Figuras é agora a vez dos moradores do Jardim das Gambelas (Montenegro) virem a público contestar uma decisão da Câmara. Estão no seu pleno direito, mas duvido que os argumentos que apresentam não estejam contaminados por uma boa dose de intolerância.
De acordo com a Lei quando alguém urbaniza uma parcela do território tem que compensar o Município com uma área destinada à edificação de equipamentos públicos, para além, claro, das áreas verdes. Cabe depois ao Município definir que tipo de equipamento público ali será edificado.
José Apolinário, no anterior mandato autárquico, cedeu diversos terrenos municipais, em especial, a Instituições Particulares de Solidariedade Social. Foi assim que nasceu a Creche de Vale Carneiros (em obra), a Creche de Gambelas (em funcionamento) a Creche de Montenegro (em funcionamento) o Lar Residencial e Residência Autónoma para paralisia cerebral no Montenegro (em obra), o Centro de Dia de Montenegro (em obra) o Lar de Idosos no Patacão (projecto aprovado), a Unidade de Cuidados Continuados de Estói (financiamento aprovado), o Lar Residencial e Centro de Actividades Ocupacionais das crianças diminuídas mentais na Lejana (financiamento aprovado), etc.
A cedência de um terreno para a construção de uma igreja também não é caso único em Faro, na Penha existe um terreno cedido há vários anos para a construção da Igreja Adventista e já neste mandato foram cedidos terrenos públicos às Testemunhas de Jeová e, pelo que agora se conhece, à Igreja Salva Nossa Terra, ambas na Freguesia de Montenegro.
O último Executivo socialista também cedeu um terreno municipal nos Braciais/Patacão à Paróquia de São Pedro para a construção da há muito desejada Igreja de São Paulo.
Esta cedência tinha contudo um aspecto social que não pode ser descurado. O novo templo católico seria construído na Urbanização dos Braciais, local onde estava (não sabemos se ainda está) previsto efectuar o realojamento das populações que actualmente vivem em barracas junto ao depósito de água na Lejana e nas construções abarracadas da Horta da Areia e tinha como propósito garantir em seu torno e com a Paróquia de S. Pedro um projecto de intervenção social e acompanhamento daquelas famílias tirando partido da experiência social da Igreja e da generosidade dos voluntários que constituem o grupo sócio-caritativo da Paróquia de S. Pedro.
Desconheço qual o papel social da Igreja Salva Nossa Terra e se de entre as muitas instituições que esperam por um terreno do Município esta seria a mais prioritária ou até quais os argumentos urbanísticos, sociais e de equilíbrio territorial que levaram a actual maioria a definir aquele terreno municipal como o mais apto para a construção de um local de culto, pelo que não posso fazer um juizo final neste diferendo, mas à luz da nossa constituição não pode haver discriminação religiosa ou confissões de primeira e de segunda.
(fotografia Revista Veja)
Teve vergonha e voltou atrás.
ResponderEliminarRetirou este ponto da ordem de trabalho da Assembleia Municipal de 22/6/2010.
Quem tem cu tem medo.