Faro: As ruas são de todos, mas com excepções!

Perante o, mais que obvio e natural, alerta da comissão de moradores da Horta das Figuras para o aumento do risco de acidentes decorrentes da nova forma de circulação viária (entrada pela rotunda do Fórum) a Câmara responde com uma frase feita “as ruas são públicas”.

Ora sendo esta uma verdade de La Palisse, o certo é que, para esta mesma Câmara, nem “todas as ruas são de todos e para todos”, isto é, nem todas as ruas são públicas.

Na última reunião do Executivo Municipal, estes mesmos eleitos apresentaram uma proposta para que a Câmara assumisse o custo da requalificação dos arrumentos e passeios na zona Poente da Igreja do Carmo, mediante um protocolo em que a Câmara reconhecia à Ordem Terceira do Carmo a titularidade das mesmas ruas e passeios.

Isto é, mesmo no centro de Faro, segundo a actual maioria de direita, existem ruas e passeios que afinal são privados.

Mas há mais, se por um lado a Câmara pagava a intervenção de requalificação urbana, por outro concedia à mesma Ordem religiosa o direito a colocar e explorar parquimetros no espaço circundante à Igreja do Carmo.

Ou seja, a Câmara pagaria as obras e a Ordem Terceira do Carmo ficava com o lucro dos parquimetros e ainda via reconhecido que os passseios e as estradas, por onde todos há decadas passamos, são sua propriedade.

A proposta é um escandalo, e evidência a dualidade de critérios da actual maioria de direita e o uso absolutamente descricionário que faz do poder, para quem, afinal, nem todas as ruas são de todos!

Perante a oposição dos vereadores do Partido Socialista a proposta apresentada pela coligação de direita viria a ser retirada com o objectivo de ser revista.

Acontece que não há qualquer revisão possivel a fazer uma vez que aqueles terrenos são públicos, não tendo, actualmente, a Ordem Terceira do Carmo qualquer direito sobre os mesmos.

Mas como existem promessas eleitorais que têm que ser pagas devemos ficar atentos aos próximos episódios.