Lei da Rolha: autoridades não falam sobre Programa Polis e demolições

O desprezo que os actuais dirigentes da Câmara Municipal de Faro e da Administração da Sociedade Polis têm pela democracia e pelas populações que vivem nas ilhas barreira fica, de forma clara, expresso na recusa que ambas dão em se pronunciar sobre as reclamações das associações de moradores da Ilha da Culatra e de Faro.

Afinal o que dizem estas associações? Simplesmente, com responsabilidade e sem recurso a ofensas, que o que lhes foi inicialmente prometido não está a ser cumprido.

Isto é, os princípios e os objectivos que na fase de adesão ao Programa Polis foram definidos e os compromissos de diálogo e participação das populações que, na fase subsequente, foram assumidos não estão a ser respeitados.

É, aliás, de realçar que durante a campanha eleitoral para as últimas eleições autárquicas – num artigo premonitório que se intitulava “Para recordar: Demolições e votos” – o então Presidente da Câmara de Faro, José Apolinário, já chamava a atenção para a possibilidade desta dualidade, se não mesmo, falsidade, se instalar na gestão do Polis e da Câmara, substituindo os princípios da participação, do dialogo, do compromisso social, do respeito pelos direitos das pessoas pela tecnocracia do quero, posso e mando.

Este fundamentalismo tecnocrático está bem patente no caso de uma família que por ter um filho menor a estudar em Faro foi considerada como não tendo residência na Ilha da Culatra. Um absurdo, uma vez que a Ilha da Culatra apenas dispõe de uma escola do primeiro ciclo do ensino básico após o que os jovens têm que rumar a Faro ou Olhão para continuar os estudos.

Face a exemplos como este, a recusa em ouvir os representantes das populações só significa que a gestão tecnocrata da Câmara de Faro e da Sociedade Polis Ria Formosa é, de facto, cega, surda e muda.