Portugal tem 18% de pobres e é o quarto da UE com mais desigualdade nos rendimentos.
Mais de 10% das pessoas empregadas estão em risco de pobreza devido ao baixo nível de rendimentos auferidos, indica o relatório do Instituto Nacional de Estatística sobre a Pobreza, as Desigualdades e a Privação Material. No total da população portuguesa, são 18% os indivíduos no limiar da pobreza, ou seja, cujos rendimentos estão 60% abaixo da mediana nacional. E se não fossem os apoios sociais, essa percentagem mais do duplicaria, para 41,5%.
Aqueles dados, relativos a 2008, revelam ainda que é nos agregados com crianças que a situação é mais gravosa, sendo que quase metade das famílias onde há um adulto com uma ou mais crianças ou um casal com três ou mais filhos estão em situação de "privação material". Este indicador mede o número de bens e serviços a que as famílias não podem aceder por dificuldades económicas.
Em termos internacionais, Portugal é o quarto país da União Europeia com mais desigualdades na distribuição do rendimento, sendo que o "coeficiente de Gini" coloca essa assimetria em 35,8%, cinco pontos acima da média da UE e quase 13 pontos à frente do país com menores assimetrias, a Eslováquia. Só países como a Bulgária, a Roménia, a Lituânia e a Letónia ultrapassam o grau de desigualdade na distribuição dos rendimentos verificado em Portugal.
Apesar da tónica preocupante no retrato traçado pelo INE, aquela assimetria reduziu-se desde 2004, tendo sido registada uma quebra de cerca de 10% na distância entre os rendimentos dos 20% mais ricos e dos 20% mais pobres. A mesma tendência registou-se na taxa de risco de pobreza, que em 2003 chegava aos 20,4%.
Nos desempregados, o risco de pobreza é de 37%, sendo que nos reformados ronda os 17,4%. Já a taxa de "privação" afectava 23% da população em 2008, quase mais cinco pontos do que a média da UE, só comparável com a registada nos países do Leste.
Os dados apurados não reflectem o período do pico do desemprego e da crise económica, que tem agravado as situações de pobreza dos portugueses e que têm reduzido as remunerações nas novas contratações.
Quanto à chamada "pobreza consistente" - que associa risco de pobreza e privação material -, a taxa verificada em Portugal em 2009 era de 8,1%. A sua evolução desde 2004 tem oscilado de forma algo irregular, com um nível médio de 8,6%, depois de ter chegado aos 9,4% em 2004.
O Relatório sobre Rendimento e Condições de Vida contém a análise dos resultados do Inquérito às Condições de Vida e Rendimento em Portugal e surge no âmbito no Ano Europeu do Combate à Pobreza.
(Noticia: Diário de Noticias)
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