A Thomas Cook cancelou as operações a partir do Reino Unido, Irlanda e Escandinávia, já a partir de Outubro. "Vamos sentir a falta de clientes até Maio por parte daquele que foi o primeiro agente de viagens [1851] do mundo", declara Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). O presidente do Turismo do Algarve, Nuno Aires, lembra que na última década, o Algarve perdeu três milhões de dormidas de turistas estrangeiros, "em grande medida pela mudança de estratégia destes dois operadores turísticos [TUI e Thomas Cook], que começaram a apostar nos mercados fora da Europa".
A AHETA vai ainda avançar para tribunal contra a Thomas Cook, porque este operador decidiu também fazer "um desconto unilateral" de cinco por cento sobre a facturação efectuada nos meses de Agosto e Setembro.
Elidérico Viegas diz que se trata de uma situação "inadmissível, sem qualquer justificação". O corte na facturação, acrescenta, foi justificado por uma "pseudocampanha de marketing", diz. As dificuldades por que estão a passar algumas empresas, sublinha, "já levou a que alguns membros da AHETA tenham desistido de sócios, porque cessaram a actividade".
A região algarvia vive, nesta altura, a chamada época alta do golfe - que contribui para atenuar os efeitos da sazonalidade - mas este ano, sublinha, "as coisas estão mal". As empresas que se dedicam ao aluguer e gestão de apartamentos e vivendas de turismo "estão a fechar a porta e a entregar as casas aos seus proprietários". O facto de dois importantes operadores apostarem agora noutros mercados internacionais - sobretudo fora da Europa - irá agravar este cenário de dificuldades, que pode, mais tarde, reflectir-se nas próprias contas nacionais. Isto porque tanto a TUI como a Thomas Cook trabalham muito com mercados importantes para o Algarve, como o inglês.
A alternativa, sugere agora Viegas, é reequacionar a estratégia de promoção e vendas, "procurando estabelecer uma relação directa com os clientes, através da Internet". Ainda sobre o desconto de cinco por cento na facturação, o líder da AHETA entende que se trata de "uma atitude abusiva, perfeitamente inaceitável e sem precedentes". A associação escreveu uma carta aos associados, lembrando que, "à semelhança do que acontece em Espanha e noutros destinos turísticos", também Portugal deve "acompanhar o evoluir da situação" para fazer valer os direitos dos hoteleiros, recorrendo a "todos os meios legalmente permitidos".
(Noticia: Público)
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