sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Câmara deita barracas abaixo

«Funcionários da Câmara de Faro, protegidos por forte contingente da GNR, destruíram anteontem duas barracas no lugar da Avestruz, na freguesia do Montenegro, junto ao aeroporto. Uma família de etnia cigana, composta por nove pessoas (seis adultos e três crianças), está agora a habitar na única barraca que ficou de pé.

"O antigo presidente José Vitorino, em 2005, deu-nos autorização para morarmos aqui. Agora vieram de surpresa e nem deram tempo para aproveitar os materiais com que eram feitas as barracas. Foi tudo desfeito pelas máquinas", queixa-se José Amadeu da Silva, espantado com a força exibida: "Parecia uma batalha, tantos eram os GNR".

Na altura, Marina Montes, mulher de José Amadeu, doente crónica, teve uma crise de ansiedade e necessitou de ser transportada ao Hospital de Faro. "Foi uma cena indigna. Nem tiveram consideração pelas crianças", queixa-se José Amadeu, que não sabe como vai albergar todos num espaço tão reduzido.

"Não temos luz e a Fagar cortou a água das bicas onde nos abastecíamos. Somos farenses, sempre vivemos no concelho e o presidente Macário quer pôr-nos a dormir na rua", acusa.

Macário Correia, presidente da Câmara de Faro, explica que "a autorização concedida foi para uma barraca e que, neste momento, já lá estavam mais duas, que foram demolidas".»
(Noticia: Correio da Manhã)

A familia Amadeu é das mais antigas familias de etnia cigana a viver em Faro, nomeadamente no Montenegro, sendo que o patriarca da família e pai de José Amadeu que vive desde sempre numa barraca junto ao lado direito da estrada que dá acesso ao Montenegro é o grande responsável pelo facto de não existir no Montenegro a proliferação de barracas como ocorre em Faro. 

José Amadeu tem razão quando diz que foi o anterior Presidente de Câmara do PSD, José Vitorino, quem passou uma autorização para a sua familia ocupar um terreno municipal para viver. Tal como passou a outras familias, por exemplo junto à Horta da Areia e até nas traseiras do Teatro Municipal de Faro.

O que é curioso é que há cerca de dois/três anos a familia de José Amadeu deixou a barraca e alugou uma pequena casa onde viviam todos. O que se terá passado entretanto para que esta família tenha voltado a viver na rua?

Será que o Presidente da Câmara de Faro ou algum responsável da autarquia se interessou minimamente em saber que problemas enfrenta a familía Amadeu para ter deixada a casa que haviam alugado e regredido do ponto de vista da integração social e das condições de habitabilidade?

É que, mais uma vez, estamos a falar e a tratar de pessoas!

3 comentários:

  1. Pessoas, direitos, diginidade... isso não interessa para nada.
    Macário Correia não se perde com essas questões menores. Isso são coisas de intelectual de esquerda que não colhe a simpatia da maioria da população.
    O pensamento do presidente da câmara de Faro é mais simples e linear: a maioria dos eleitores de Faro não gosta de ciganos, logo tomo medidas de repressão sobre aquela comunidade e ganho o aplauso geral.
    Com este tipo de intervenção populista esconde-se a realidade "Um ano passou e Faro parou".

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  2. Sra. Sofia (e demais leitores),

    Embora neste caso a familia tivesse autorização para permanecer no terreno, que era camarário, uma das principais razões para a etnia cigana não ser muito querida das populações locais deve-se ao facto de ocupar ilegalmente propriedade privada, recusando-se em muitos casos a abandoná-la.

    Claro que se devem acutelar os direitos e respeito pelas pessoas, mas parece-lhe bem que um proprietário se veja privado de usufruir do seu terreno porque foi ocupado ilegalmente?

    Gostaria que a sua casa fosse ocupada contra a sua vontade? Não me pareçe. Nem o gostaria a maioria das pessoas.

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  3. Tambem o Polis vai ocupar e destruir as casas de pescadores, que tambem são pessoas, que trabalharam uma vida inteira para erguer quatro paredes. Isso já lhe parece bem? Tambem é contra a vontade das pessoas. Não falem em ilegais... ilegal é a puta que os pariu. Quando há decada empurraram os pescadores para as extremidades da ilha e para a zona dos barracões da aramação do atum foi para dar lugar ao desenvolvimento. Agora querem escorraçar os filhos... Deixem-se de tretas e de valorizear apenas aquilo que vos interessa valorizar. Tem a memória curta, há quem não tenha. O que se está a passar na ilha de Faro é a maior vergonha de sempre com o Macario a fazer braço de ferro com os degraçados dos pescadores...sabem a história do Golias? Ai está. Aqueles e o cigano Amadeu, como outros, são a parte mais fraca. Aí, é facil bater e destruir. Como nas empresas monopolistas é facil ter resultados....é só bater no ceguinho... Macário, Calixto e Comp. Lda. Cuidem-se.

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