O Mercado Municipal e a “Feira” de São Luís

A Câmara Municipal anunciou com a habitual “pompa e circunstância” a relocalização da “venda ambulante” que tinha lugar no Largo da antiga Igreja de São Luís para as laterais do Mercado Municipal de Faro.

A medida há muito que era comentada pelos operadores do Mercado e aguardada pelos habituais vendedores do Largo de São Luís que, desde que foram conhecidos os resultados das últimas eleições autárquicas, garantiam que o Mercado Municipal de Faro seria o novo destino dos seus negócios.

Para que fique claro, mesmo correndo o risco de ser acusado de preconceituoso, considero a decisão um erro, não porque não seja possível e desejável regrar a actividade dos feirantes, identificando um local para este tipo de comercio, disponibilizando bancas uniformes e de design cosmopolita que possam ser desmontados no final do dia, pautar pela limpeza e arrumo do espaço, impedir abusos e estendais de roupa de vários metros e os fogareiros a assar peixe entre as bancas de roupa, mas porque depois do investimento realizado no Mercado Municipal de Faro, que rondou os 30 milhões de euros, recuperada a dinâmica comercial do Largo Francisco Sá Carneiro, alavancada na oferta de serviços públicos como a Loja do Cidadão e as Finanças, não me parece que as portas do Mercado sejam o local mais indicado para a venda ambulante e a comercialização dos produtos que se vendiam no Largo de São Luís.

Contudo esta decisão não me surpreende, pelo contrário, corresponde ao âmago daquilo que a actual maioria de direita vem praticando, de que são exemplo o desfile de Carnaval que tivemos em Fevereiro, próprio de uma pequena aldeia perto do fim do mundo e não de uma Capital de Distrito, discursos no dia da cidade contra os trabalhadores do Município, oferta de bifanas no feriado municipal, desculpas com o passado pela sua incapacidade de realização, as laranjeiras mortas nos seus vasos de má memória, as palmeiras mortas e cortadas pela base que continuam à espera de ser substituidas...

Com efeito, o actual Executivo da Câmara Municipal de Faro perde para a competência, que exige ponderação, humildade de ouvir as várias partes, mesmo as criticas, rasgo imaginativo e ambição de ideias, o que ganha no populismo de feira.

A verdade é que, tal como no pior estereótipo do feirante, Macário Correia prometeu-nos o elixir do sucesso, mas passou os últimos 11 meses à frente da Câmara de Faro a impingir-nos t-shirts e atoalhados com defeito de fabrico.