sábado, 27 de novembro de 2010

O espírito da Vila-Adentro de Faro cabe num livro

A história, a das ruas e a das pessoas, as cores que sobressaem das paredes brancas e as sensações que emanam das ancestrais pedras da Cidade Velha de Faro são a base do livro ‘Vila-Adentro – o Espírito do Lugar‘, uma obra feita por professores e alunos da Escola Secundária Tomás Cabreira e que foi lançada ontem, no salão nobre da Câmara de Faro.

Este livro é o culminar de um trabalho de mais de cinco anos, que envolveu estudantes do curso de artes do 11º e 12º ano desta escola farense, orientados pelas professoras Rosa Trindade e Dulce Bulha, que são também responsáveis pela elaboração final da obra.

E se tudo começou com a toponímia das ruas, depressa evoluiu para algo bem mais profundo, num caminho que chega mesmo às emoções.

“Este trabalho teve início há bastantes anos, quando começámos a recolher elementos sobre algumas das ruas da Vila-Adentro. Esse trabalho ficou em stand by e há cerca de cinco anos resolvemos retomá-lo. Concebemos o projeto a que então se chamou O Nome da Rua, que englobava uma série de estudos sobre as diferentes ruas da Cidade Velha, como a origem dos seus nomes, a arquitetura e alguns pormenores“, disse Dulce Bulha, numa conversa que o ‘barlavento’ manteve com as autoras do livro.

“Os alunos fizeram desenhos e vieram também fotografar. É nesses elementos e também na pesquisa histórica por eles feita que se baseia o livro. Também temos uma série de histórias de moradores ou ex-moradores das ruas“, explicou.
 
“Mais tarde, houve uma outra fase, que teve a ver com as emoções e sensações que sentimos quando caminhamos pelas ruas, que deu origem a alguns textos“, acrescentou Dulce Bulha. São estes textos, produzidos pelas duas professoras, que acabam por interligar os trabalhos visuais e a informação recolhida pelos alunos.

“Este livro dá uma visão diferente da Vila-Adentro. Dá uma visão humanizada e também colorida, apesar de ali predominarem os tons brancos das paredes e acastanhados das telhas. Através da nossa obra, penso que conseguimos dar a sensação de cor, até porque o branco encerra em si todas as cores. Isto foi conseguido através das fotografias, que foram propositadamente manipuladas em computador, para dar essa sensação“, disse, por seu lado, Rosa Trindade.

Apesar de não ser nem aspirar a ser um guia turístico, este livro pode ser visto, de certa forma, como um manual da Cidade Velha, útil para os que a visitam, mas essencialmente para os que a costumam frequentar, mas continuam sem a conhecer.

“Temos aqui uma zona lindíssima. Há pessoas que passam aqui todos os dias e não se apercebem de pormenores lindíssimos que existem em todas as ruas. Foi também com o objetivo de chamar as pessoas a usufruir mais deste espaço que aqui temos que fizemos este livro“, revelou Dulce Bulha.

“A estrutura do livro acaba por encaminhar as pessoas de forma diferente do que é habitual. Está dividido em três momentos: a parte da toponímia, outra que se chama histórias e o espírito do lugar, que sou eu e a minha colega a deambular pela Vila-Adentro e a transmitir as sensações que vamos captando“, contou Rosa Trindade.

Um dos elementos diferenciadores do livro é a inclusão de histórias e relatos daqueles que melhor conhecem a Cidade Velha de Faro: os que lá vivem ou viveram. “Há histórias surpreendentes e muito engraçadas. Mas, para as conhecer, terão de ler o livro“, dizem as autoras, a rir.
 
Para colocar este livro na rua, o apoio da Escola Tomás Cabreira, a editora da obra, foi determinante.

“Temos de fazer aqui um elogio ao nosso diretor, que é uma pessoa com grande abertura e nos dá asas para voar“, referiu Rosa Trindade. Também a Associação dos Antigos Alunos da Tomás Cabreira deu uma “grande ajuda“.

Os apoios surgiram ainda da Câmara Municipal de Faro, da Direção Regional da Cultura do Algarve, da Junta de Freguesia da Sé, da Universidade do Algarve, da Fagar e da empresa Global Fire.

“Foi muito difícil encontrar apoio. Batemos a muitas portas que não se abriram. Mas o que nos causa mais mágoa é não ter recebido o apoio da Direção Regional de Educação do Algarve“, desabafaram as docentes.
(Noticia: barlavento)

1 comentário:

  1. Liliana ~Martins


    Tou ansiosa para ver :D fui aluna de artes visuais na Tomás e já no meu tempo se falava na ediçao deste livro :) finalmente!

    Parabéns

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