domingo, 21 de novembro de 2010

Um por cento de Faro precisa de ajuda financeira para comer

«O número de refeições distribuídas diariamente pelo Centro de Apoio aos Sem Abrigo (CASA), no Algarve, aumentou de 80 para 500 nos últimos 14 meses.

“Estamos a dar de comer a um por cento da população de Faro. Há 14 meses cerca de 80 pessoas recebiam refeições, mas desde essa altura que as ajudas subiram, exponencialmente, e estamos a dar alimento a 500 pessoas por dia”, disse hoje à Lusa Pedro Cebola, coordenador da CASA, em entrevista à Lusa.

A CASA, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) fundada em Faro há três anos, iniciou o seu trabalho entregando na rua refeições aos sem abrigo, especificamente a toxicodependentes e alcoólicos, e tem atualmente cerca de 300 voluntários.

“Cerca de 70 por cento das pessoas que hoje nos pedem ajuda para comer são desempregados, casais em que ambos caíram no desemprego, avós com netos à sua guarda que ficaram sem apoios sociais e reformados por antecipação ou invalidez”, explicou Pedro Cebola.

Os imigrantes de países do leste europeu, principalmente ucranianos, que trabalhavam na construção civil e nas estufas do concelho de Faro, também pedem ajuda à CASA e já representam 15 por cento do público que pede ajuda alimentar, acrescentou. Na quarta-feira, a CASA recebeu 30 novos processos de pessoas que foram pedir ajuda e pelo menos 25 pessoas, com base nas despesas que têm e rendimentos, deverão ter direito a apoio.
 
“Na freguesia da Sé há muita pobreza envergonhada, nomeadamente de profissões liberais, como professores que não foram colocados e estão no desemprego, mas também donos de restaurantes e cafés ou pessoas que trabalhavam em imobiliárias, acrescentou.

O Centro de Apoio aos Sem Abrigo lança no Algarve este sábado, dia 20, e até 31 de Dezembro, uma campanha de Natal denominada “Casa Mágica Solidária” para angariar cerca de dois mil brinquedos para crianças e para oferecer um almoço de Natal e cabazes de Natal a 600 carenciados da região.

A maioria das autarquias algarvias reforçou este ano as verbas no orçamento municipal para a ação social, com câmaras a elevarem em um terço ou quase 50 por cento os apoios sociais.»
(Notícia: O Algarve)

Confesso que, para além de saber que funciona na Rua Ataíde de Oliveira, onde existe ou existia um restaurante tibetano (espero que me desculpem, pois não sou mesmo nada vegetariano), não conheço o trabalho do C.A.S.A., IPSS criada pela iniciativa e inspiração do mestre espiritual budista Pema Wangyal Rinpoche.

Partindo do princípio de que os números que revelam são autênticos (existirão mesmo em Faro professores, donos de restaurantes e de cafés sem capacidade para adquirir bens alimentares?), a situação descrita é deveras alarmante e exigiria uma resposta concertada e urgente do Conselho Local de Acção Social de Faro e dos vários organismos que a integram, desde logo Câmara Municipal, Segurança Social, Instituto de Emprego e Formação profissional, Administração Regional de Saúde, Instituto da Droga e Toxicodependência e outras IPSS’s do Concelho.
 
Por outro lado, este retrato social não se coaduna com os cortes orçamentais que a Câmara de Faro levou a cabo no último ano na área social, diminuindo as transferências financeiras para as IPSS’s e pondo termo a inúmeras iniciativas municipais de auxilio aos mais vulneráveis como, a título de exemplo, era programa de apoio às rendas.

1 comentário:

  1. O Macário diminuiu o apoio às IPSS,acabou com o programa de apoio às rendas e rebentou com projecto Faro Solidário,que apoiava os farenses mais desfavorecidos.Pode-se afirmar com toda a propriedade que a Divisão de Acção Social da CMF,outrora pujante e dinâmica deixou de existir.Os técnicos,maioritariamente competentes,empurram papéis com a barriga de uns para outros,encaminhando todos os problemas para a Segurança Social.Por falta de liderança mesclada de incompetência das chefias vindas de Tavira,nada solucionam.É vergonhoso?C.C.

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