terça-feira, 30 de novembro de 2010

Portimão é quem mais sofre no caso de um terramoto igual ao de 1755

O município de Portimão será um dos mais afetados por um sismo com epicentro a Oeste do Cabo de São Vicente, com mais feridos e mortos, segundo o simulador que hoje foi testado num exercício da Protecção Civil.

A cidade de Portimão e a sua envolvente serão as zonas mais afectadas, em termos de mortos e feridos, em caso de um sismo de larga escala como o que aconteceu em 1755, isto a avaliar pelos resultados de um simulacro da Protecção Civil que decorreu hoje no Mercado Abastecedor da Região de Faro, que pretendeu recriar as condições de uma catástrofe sísmica no Algarve.

Desde as 8 da manhã que os operacionais da Comissão Distrital da Protecção Civil estiveram no terreno a testar sobretudo as comunicações via rádio, e o sistema de coordenação institucional e político. "Uma das coisas que notámos que funcionava mal, logo antes até de partir para o exercício foi o facto de as 16 estuturas municipais reportarem em simultâneo para um só comando, será preciso provavelmente criar uma estrutura que contemple Barlavento, Algarve Central e Sotavento", reconhece Vaz Pinto.

Por sua vez Silva Gomes, chefe de Gabinete do Governo Civil, representou o comando político na ausência de Isilda Gomes, impedida por morte de um familiar. Silva Gomes, quadro da GNR e ele próprio ex-Governador Civil admitiu falhas no exercício, algumas delas já esperadas: "O que está a correr pior, no cenário simulado, é haver de facto tanta gente morta. Estamos a referir-nos a um simulacro semelhante ao terramoto de 1755 e será dos piores cenários que poderemos ter", disse.
 
Num primeiro encontro com a imprensa sobre a forma como o exercício está a ser realizado, Silva Gomes explicou que "em termos de eficácia da Protecção Civil no terreno, é necessário ter a noção de que uma situação destas altera a vida normal, a forma como se age sobre os acontecimentos, e vai haver grandes problemas de comunicações, dificuldades de saber numa fase inicial o que é que está a acontecer".

"Mas temos de ter noção que uma situação destas, a acontecer, será resolvida num período longo e não nas oito horas que dura este exercício", frisou.

"A primeira coisa que nos interessa realçar é que, pela primeira vez, temos um instrumento como o simulador de risco sísmico e tsunamis, que é uma ferramenta nova, inovadora, que nos permite exatamente calcular cenários e estar preparados para eles. E até há bem pouco tempo isto não existia, era tudo feito com base em estimativas e palpites", concluiu Silva Gomes. Além das baixas humanas o sismo teria provocado graves constrangimentos na rede eléctrica - cerca de 93% da população ficaria sem electricidade - e nas comunicações, deixando o Algarve sem rede de telefones fixos e de telemóveis.

Apesar de não haver deslocação de meios no terreno, o simulacro servirá para testar os meios de direção, coordenação e comando à catástrofe.

Além de perto de 6 mil mortos, o sismo provocou, de acordo com o simulador, entre 2510 e 6366 feridos ligeiros, entre 471 e 3470 feridos graves e entre 11815 e 32654 desalojados, consoante o melhor e o pior cenário simulados.

O simulador aponta ainda no mapa as zonas em que o sismo teve maior impacto em número de mortos, desalojados, feridos ligeiros e graves, permitindo ao centro de comando coordenar melhor a resposta à catástrofe.
 
O simulacro, classificado como Exercício de Posto de Comando, tem por objetivo "testar procedimentos e a operacionalidade do Plano Especial de Emergência para o Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve, que se encontra em fase final de elaboração", segundo a Autoridade Nacional de Protecção Civil.
(Noticia: Observatório do Algarve)

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