segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Turistas são mais velhos, não viajam sozinhos, nem de mochila às costas

Estudo sobre estrangeiros que visitam o país conclui que gostam do clima e da hospitalidade, de preferência em Lisboa e no Algarve. Custo de vida causa surpresa.

Têm mais de 35 anos, são atraídos por recomendações de conhecidos e não gostam de viajar sozinhos ou andar de mochila às costas. É este o perfil do turista que escolhe o território português para passar férias, durante o Verão. O estudo, da responsabilidade do Turismo de Portugal, vai servir para afinar a estratégia de promoção do país no exterior e responder melhor às exigências dos visitantes, que apreciam as paisagens, a simpatia e os vinhos e ficaram menos satisfeitos com o custo de vida e a fraca fluência de idiomas estrangeiros.

Durante 11 dias, o organismo entrevistou 1072 turistas de sete nacionalidades, junto aos balcões de check-in dos principais aeroportos portugueses. O Estudo de Satisfação dos Turistas, que incidiu, principalmente, sobre os britânicos, que representam 40 por cento da amostra e são também os que mais contribuem para o sector em Portugal, faz um retrato do perfil, expectativas e previsões de regresso ao país.

De entre as principais conclusões, está o facto de 51 por cento dos inquiridos se encontrarem, pela primeira vez, em território português. Para o Turismo Portugal este dado "está em linha com a estratégia de conquista de novos públicos" e associado ao facto de "Portugal se ter tornado mais acessível por via aérea", com os incentivos às companhias de aviação, sobretudo às low-cost, através do programa estatal Iniciativa.pt.

Um destino recomendado

Mais de 40 por cento escolheram Portugal por recomendações de familiares e amigos, quando estavam na fase de planeamento das férias, e decidiram viajar até ao país por causa do clima e da paisagem (56 por cento) e da forma hospitaleira de acolhimento (30 por cento). No caso dos espanhóis, o factor proximidade é apontado por 56 por cento dos inquiridos.
 
Apenas três por cento ficaram interessados em visitar Portugal por estímulo publicitário, a ferramenta mais clássica nas estratégias de promoção dos destinos. Já a Internet foi responsável por 29 por cento das chegadas da amostra analisada.

Estas conclusões levam o Turismo de Portugal a admitir que há esforços a fazer na forma como se promove o destino Portugal. Além de deixar satisfeitos os que passam pelo país, o organismo está a "reforçar a presença em plataformas de comunicação on-line", como as redes sociais, e vai passar a incluir uma "ligação directa entre o consumidor e a oferta" no novo portal de promoção externa, o visitportugal.com.

Em termos de satisfação, o estudo concluiu que 91 por cento dos inquiridos ficaram "muito satisfeitos" com a estada. E que 44 por cento consideraram que as férias ficaram "acima das expectativas". As paisagens, as praias, a simpatia da população local e a gastronomia e vinhos foram os pontos mais apreciados.

Já os serviços de saúde, o custo de vida e a preservação ambiental só satisfizeram cerca de metade dos turistas. A fraca fluência de idiomas estrangeiros também foi um dos contras apresentados por uma parte dos inquiridos. Ainda assim, 54 por cento disseram que "de certeza voltará a Portugal". Seis por cento admitiram que "provavelmente" não o farão.
 
Um perfil "estacionário"

Além de um cruzamento entre expectativas e satisfação dos turistas, este estudo sistematiza informação de perfil, que antes estava mais dispersa. E a ideia do Turismo de Portugal é continuar a fazer mais relatórios, pelo menos, dois por ano "para perceber a evolução destas percepções e permitir intervir do lado da oferta". O próximo será realizado antes do Verão de 2011, garantiu o organismo ao PÚBLICO.

Em termos de perfil, conclui-se que 55 por cento dos turistas entrevistados tinham entre 35 e 54 anos e apenas nove por cento menos de 24. Mais de metade têm educação equiparada ao ensino universitário e nenhum dos inquiridos possuía habilitações inferiores ao secundário. São tantos os homens como as mulheres, mas são muitos mais os que ainda preferem voar em companhias de aviação tradicionais (63 por cento).

Apenas dez por cento viajaram sozinhos. A maioria veio acompanhada com o cônjuge ou com outros adultos. E há uma grande fatia (75 por cento) que fica a totalidade da estada num único local. É o chamado "turismo estacionário", muito característico dos meses de Verão - uma "época de excelência para o produto sol e mar, que é estacionário", restringindo-se a zonas costeiras e mais a sul do país, explicou o Turismo de Portugal.

O facto de apenas 25 por cento dos inquiridos estarem em território nacional com a intenção de fazer circuitos por mais de uma região também está relacionado com "alguns mercados, como o britânico e o irlandês, que são estacionários por natureza", disse o organismo, acrescentando: "Devemos aproveitar para levá-los a regressar a Portugal noutras alturas do ano e fruir produtos que motivam maior circulação pelo país”.
 
Açores atraem pouco

A aversão dos turistas de Verão a andar de mochila às costas a explorar o território também tem reflexos nas escolhas dos locais para passar férias. É para Lisboa que seguem 45 por cento dos visitantes e o Algarve atrai 39 por cento. Fátima está muito abaixo no ranking, com apenas quatro por cento das preferências. Mas o pior classificado é o arquipélago dos Açores (um por cento).

O Turismo de Portugal assume que 83,6 por cento das dormidas continuam concentradas nas três principais regiões turísticas (Algarve, Madeira e Lisboa), apesar de ter havido um decréscimo face a 2007 (84,8 por cento). Mas assegura que o crescimento está a ser maior "nos destinos emergentes".

Os franceses são os únicos que escapam à regra, manifestando uma procura mais repartida pelas várias regiões. Nas visitas realizadas ao país, 52 por cento passou pelo Norte e Centro e 28 por cento nas zonas do Estoril, Sintra e Cascais. Já os irlandeses estão totalmente voltados para o Algarve, onde ficaram em 90 por cento dos casos. Mas são também eles os únicos, a par dos espanhóis, a registar uma passagem pelos Açores.

O estudo revela ainda que os inquiridos ficaram, em média, 10,4 noites em Portugal, que, no caso dos turistas de Espanha, baixa para 7,6 e, no dos brasileiros, sobe para 15,3, por factores de proximidade. Mais de metade preferem ficar alojados em hotéis, aparthotéis e pousadas, com excepção dos visitantes que chegam do Brasil, que escolhem mais a casa de familiares e amigos.

Dois por cento dos inquiridos afirmaram que tinham casa própria no país e apenas um por cento são adeptos de turismo de rural. Um tipo de estabelecimento que não tem tanta procura no Verão, encontra-se em zonas menos atractivas nesta época, como o Alentejo e o Norte, e "representa apenas 4,6 por cento da capacidade total de alojamento", esclareceu o Turismo de Portugal.
(Noticia: Público)

1 comentário:

  1. Sem se conhecer perfeitamente,quem nos visita e qual a sua motivação,tudo é mais complicado.Excelente trabalho.As minhas sinceras felicitações,porque vamos obter melhores resultados.C.C.

    ResponderEliminar