quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Antiga Fábrica da Cerveja de Faro pode ser vendida para criar hotel

Macário Correia admite vender a antiga Fábrica da Portugália para construção de um “excelente hotel” e usar o dinheiro “para fazer algo pela arte contemporânea no casco histórico da cidade”.

Impressões - Havia um grande projeto do anterior executivo de criar um Museu de Arte Contemporânea na antiga Fábrica da Cerveja, que julgo que nunca subscreveu. Qual é a utilização prevista para este espaço?

Macário Correia - A Câmara Municipal, por razões boas, adquiriu o imóvel para um Museu de Arte Contemporânea. Por motivos que eu já expliquei, nos próximos anos a autarquia não tem condições para fazer esse investimento.

Agora a questão é o que se faz, se ficamos a olhar para o edifício a degradar-se ou não. Eu tenho esse imóvel na lista de património alienável, condicionado a que ali se construa uma unidade hoteleira de grande qualidade, o que seria bom para a Baixa de Faro.

A alienação daquele edifício pode dar-nos algum dinheiro para fazer algo pela arte contemporânea no casco histórico da cidade.

Tenho visitado o espaço com alguns grupos hoteleiros [Grupo Pestana e Vila Galé]. Ainda hoje o mostrei a pessoas que representavam um dos mais prestigiados grupos nacionais.

Se surgir alguém que queira fazer ali um excelente hotel, acho que é uma boa solução para Faro. Eu já tive alguns investidores interessados, mas disseram-me: se tivesse sido há três anos, avançávamos. Mas eu não estava cá há três anos.
(Entrevista: Rua FM / barlavento)

A Vila A’dentro ou Cidade Velha é a joia urbana de Faro. É um espaço único e irrepetivel que deveria ser alvo de um plano estratégico de dinamização e revitalização humana e urbana.

Apesar da corrente de opinião na ‘cidade’ parecer correr no sentido da venda da antiga Fábrica de Cerveja para a construção de um hotel e de pessoalmente reconhecer que Faro necessita de reforçar a sua capacidade hoteleira e, mais importante, de descobrir uma vocação turística, não creio que esta seja a melhor opção para a Capital do Algarve.

Em primeiro lugar porque colocado nos pratos da balança a construção de mais um hotel ou um Museu de Arte Contemporânea, acredito que este último contribuirá mais para a capitalidade de Faro e para o reforço e qualificação do produto turistico - história e cultura – onde julgo Faro melhor pode competir.

É certo que Faro precisa de hoteis e que uma maior oferta de alojamento terá consequências na dinamica económica da cidade, mas se Faro não liderar a construção de um grande museu de arte contemporânea a Sul do País, mais cedo do que tarde, outros municípios o farão (até para aproveitar os fundos comunitários) e, sejamos claros, não haverá espaço para mais do que uma grande estrutura museulógica no Algarve.

Depois, existem em Faro várias propostas para a construção de hoteis que conviria à Câmara esclarecer o que se passa e qual a sua estratégia e posicionamento face ao futuro:

Qual a situação do hotel de 4 estrelas, desenhado pelo Arq. Gonçalo Byrne, para a entrada da Cidade, no antigo stand automóvel junto do Teatro Municipal? Em que ponto está o Plano de Pormenor do Sítio da Má Vontade / Pontes de Marchil deixado praticamente concluído pelo anterior Executivo e cuja aprovação é fundamental para o evoluir deste investimento?

O Plano de Urbanização do Vale da Amoreira (onde estava previsto construir o Centro Comercial Dolce Vita e um Parque Urbano da autoria do Arq. Sidónio Pardal) previa a construção de uma unidade hoteleira. O grupo económico que lidera este processo mantêm ainda esta intênção?

Que oferta hoteleira espera a Câmara alcançar com a alienação do lote de terreno junto ao pavilhão gimnodesportivo?

Que projectos hoteleiros, espera a Câmara obter, com o concurso recentemente aberto para os dois Núcleos de Desenvolvimento Turísticos, um no interior e outro na zona litoral do Montenegro? Terão estes projectos associados a construção de campos de golfe?

Em que fase está o projecto privado do Boutique Hotel, promovido pelos mesmos investidores do Hotel do Bairro Alto, em Lisboa, no interior da Cidade Velha?

Afinal, o que falta para colocar em hasta pública o edifício da antiga Escola do Magistério Primário, no coração da Vila A’dentro, cujo projecto/programa de adaptação a hotel de charme há muito que se encontra concluído pelos serviços tecnicos da Câmara?

Que ideias tem a actual maioria de direita para toda a zona industrial do Bom João e Horta da Areia? O Master Plano elaborado pela Parque Expo, por solicitação da anterior Câmara socialista, que prevê a construção de uma marina e de várias unidades hoteleiras e uma zona mista de habitação residencial e turística é para levar por diante?

O acordo estabelecido pela anterior câmara com o IPTM para a construção de uma nova Doca Exterior (em frente à actual) é para concretizar? E a intervenção em todo o espaço urbano envolvente – incluíndo a zona do actual estacionamento entre o Hotel Eva e a CP – pode ou não ter um aproveitamento turistico e hoteleiro?

O hotel na Quinta da Palhagueira, Santa Bárbara de Nexe, viabilizado pelo anterior Executivo da Câmara, em que fase se encontra?

Como vemos não faltam oportunidades para a construção de hoteis na cidade e no concelho, assim haja vontade dos promotores privados e apoio da Câmara para a sua rápida viabilização.

O Museu de Arte Contemporânea, na antiga Fábrica da Cerveja poderá ser uma ancôra na revitalização da Cidade Velha e um instrumento poderoso para a afirmação da Capital do Algarve no segmento do turismo cultural e histórico. Se nós não o fizermos, estou certo, outros (Lagos, Portimão, Tavira) o farão.

4 comentários:

  1. O que esperam do Gajo? Ele é de Tavira... Faro não lhe diz nada. Será que ainda não perceberam? Andou o Sr. Luís Coelho a adquirir património para o município se desenvolver e, agora vem este gajo por tudo a venda!!!

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  2. O maior problema destas e de outras declarações do Eng. Macário é não obedecerem a qualquer estratégia. Actua apenas em função do momento. Precisa de dinheiro, então coloca à venda tudo aquilo que possa representar mais receitas.

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  3. Quando o PS está na Câmara avança o museu. Quando está o PSD suspende. O Luís Coelho (PS) comprou o a antiga fábrica da Cerveja e nasceu a ideia do Museu de Arte Contemporânea. Veio o PSD com José Vitorino e suspendeu o processo. Voltou o PS com José Apolinário e retomou o projecto do museu conseguindo obter o compromisso do ministério da cultura para o seu financiamento. Voltou o PSD com Macário Correia e pára o Museu.
    Já estamos habituado aos ciclos de quatro anos. O PS faz o PSD desfaz.

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  4. O que eu gosto mesmo é da frase em que o Eng. Macário diz que a venda da Fábrica "pode dar-nos algum dinheiro para FAZER ALGO pela arte contemporânea".
    Este "fazer algo" explica o quanto a cultura é importante para o actual presidente da Câmara de Faro.

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