22 enfermeiras que estavam a desempenhar funções nos Centros de Saúde do Algarve, em regime de subcontratação, foram ontem informadas telefonicamente para não comparecerem nos Centros de Saúde a partir de hoje, denunciou o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses em comunicado.
Segundo o SEP, “o Tribunal de Contas detetou ilegalidades no acordo firmado entre a ARS do Algarve e a empresa que disponibiliza serviços de enfermagem, ditando o seu chumbo e consequentemente a rescisão imediata”.
Para além de engrossar o volume de despedimentos que tem vindo a aumentar no nosso país, esta situação, sublinha o Sindicato, “afeta gravemente os cuidados de enfermagem à população que se desloca aos Centros de Saúde”.
“Os cuidados de enfermagem são afetados, quer diretamente, pela interrupção do trabalho que estava a ser desenvolvido pelas enfermeiras agora despedidas, quer indiretamente pela sobrecarga de trabalho imposta aos outros enfermeiros dos Centros de Saúde”.
O SEP e os enfermeiros que se encontram nesta situação precária afirmam que têm vindo a alertar a ARS do Algarve, bem como de forma direta o Ministério da Saúde (a última vez em reunião no passado dia 5 de Novembro), que, “caso não fossem tomadas medidas urgentes, este cenário viria a ocorrer”.
Segundo o SEP, a situação afeta, no Centro de Saúde de Lagos, os Cuidados Continuados, quer diretamente ao utente, quer nas atividades de suporte, bem como a saúde materna, infantil, saúde de adulto e tratamentos.
Em Portimão, fica afetada a Sala de tratamentos, Consulta aberta e departamento de Saúde Materna e Planeamento Familiar, em Vila do Bispo as consequências são mais graves para a Sala de tratamentos, podendo mesmo levar ao encerramento de extensões de saúde, o mesmo podendo acontecer no Centro de Saúde de Aljezur.
Em Lagoa, os despedimentos têm consequências na consulta de saúde de adultos, saúde materna, saúde infantil, consulta de diabetes e planeamento familiar, consulta de Hipocoagulação, onde é imprescindível a existência de um enfermeiro.
No concelho de Loulé, a extensão de Almancil fica a funcionar apenas com uma enfermeira em vez de três, a extensão de Quarteira perde uma, enquanto a população de Alte ficará sem cuidados de enfermagem.
No próprio Centro de Saúde de Loulé, ficam afetadas as Consultas dos utentes sem médico de família: Hipocoagulação, Saúde Infantil, Saúde Materna e Planeamento Familiar. Além disso, o ficheiro de vacinação fica por atualizar, perdendo-se a promoção da adesão à vacinação.
Finalmente, em Albufeira, fica comprometido o atendimento dos utentes sem médico de família, cerca de 12 mil, no que se refere a tratamentos e consultas de vigilância de saúde infantil/juvenil, saúde materna e de planeamento familiar e saúde reprodutiva.
O SEP denuncia ainda que, em Albufeira, foi hoje encerrado o serviço onde se realizava marcação de consultas, pesos de bebes, vacinação gripe e testes de diagnósticos precoce.
Por tudo isto, o Sindicato salienta que, num quadro em que “existe uma grave carência de Enfermeiros nos Centros de Saúde do Algarve”, estes “22 enfermeiros, hoje despedidos, estavam a exercer funções imprescindíveis ao regular funcionamento dos Centros de Saúde, prosseguindo respostas às necessidades das pessoas” e o “Ministério da Saúde tem assumido que a reforma dos Cuidados de Saúde Primários é uma prioridade, e, mesmo no contexto de “crise”, é para continuar, aprofundar e ampliar”, “mais uma vez se comprova a contradição entre o discurso político do Ministério da Saúde e a ausência de medidas, e, a sua desresponsabilização perante a obrigatoriedade de prestação de cuidados de qualidade e em tempo útil às populações, assim como o total desrespeito pela forma como trata os seus profissionais”.
A terminar, o SEP exige o “reingresso imediato destas enfermeiras”.
(Noticia: barlavento)
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