“Há erros técnicos absurdos, até nas contas mais simples” no Plano de reequilíbrio financeiro ontem votado na Assembleia Municipal de Faro.
Quem o diz é o professor universitário Paulo Sá, membro da Assembleia Municipal eleito pela CDU, para quem “o engenheiro Macário Correia tem alguma dificuldade genética em aceitar a verdade”.
Paulo Sá avança com exemplos concretos para sustentar a sua opinião, alegando ainda que “independentemente das divergências políticas que nos separam, os erros deveriam ser corrigidos” para que o plano a apresentar ao Ministério das Finanças não tivesse tantas falhas técnicas.
O docente da UAlg confirmou ao Observatório do Algarve ter “confrontado o presidente da autarquia durante a assembleia com discrepâncias que ele (Macário Correia) recusou corrigir”.
Como é possível que num documento desta responsabilidade, a uma distância de duas páginas, a despesa com capital numa página sobe e na outra desce?, questiona o eleito da CDU.
Outro dos exemplos citados refere-se “ao gráfico da página 34 e no texto da página 35” onde, segundo Paulo Sá se afirma que, “de 2008 para 2009, a despesa de capital diminui 60,4%, enquanto na realidade, nesse período, a despesa de capital aumentou 39,6%, de 11.149.459,53 euros para 15.564.925,16 euros.
Paulo Sá refere ainda “uma tabela de receitas correntes (de 2008 a 2009) em que se refere que a mesma aumentou 907%, quando na realidade o aumento foi de 18%.
Ainda na mesma rubrica, a das receitas correntes, mas no período de 2005 a 2009, o deputado da AM recorre à ironia: “Se tivesse crescido como indica o documento, Faro tinha dinheiro para construir 12 pontes Vasco da Gama”. Com efeito, ao invés de uma média anual de crescimento de 4,35% é indicado um valor de 241%.
“Macário Correia, que acusa existir falta de rigor na gestão, apresenta um documento com inúmeros erros”, conclui o docente do Algarve.
Para ele, “se os técnicos do Ministério das Finanças que vão analisar o documento forem rigorosos, não lhes escapam estes erros grosseiros”.
Paulo Sá adianta que já solicitou por escrito que lhe sejam justificados os números apresentados no plano. “Mas vai demorar semanas”, prevê o representante da CDU.
Entretanto, a concelhia do PCP de Faro emitiu um comunicado em que, além de denunciar que “a responsabilidade pela gravíssima situação financeira do Município é do PS e do PSD”, considera que o plano agora aprovado “obrigará os farenses e as empresas do concelho a pagarem, nos próximos 20 anos, todos os impostos municipais à taxa máxima, o que terá repercussões muito negativas quer a nível económico quer a nível social.
O PCP insiste ainda nos “inúmeros erros do Plano de reequilíbrio financeiro, alguns deles absolutamente inadmissíveis”.
“Na Assembleia Municipal, os eleitos da CDU apontaram este e outros erros, exortando o executivo camarário a corrigi-los. Contudo, Macário Correia, numa atitude de inaceitável arrogância, preferiu enfiar a cabeça na areia, recusando-se a reconhecer os seus erros, pelo que o plano aprovado na Assembleia Municipal é um monumento à falta de rigor”, refere ainda o documento.
Assim, os eleitos da CDU na AM de Faro justificam o seu voto contra “por considerarem que o executivo camarário não fundamentou devidamente a impossibilidade de recurso a outros mecanismos, menos agressivos, para resolver o descalabro financeiro a que chegou o Município”.
Pesaram igualmente para o sentido de voto “as consequências para o concelho e para os Farenses que serão, nos próximos 20 anos, extremamente gravosas” e ainda por “ser inaceitável que um documento desta natureza contenha tantos e tão graves erros e insuficiências”.
(Noticia: Observatório do Algarve)
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