“Todos vivemos sob o mesmo céu, mas ninguém tem o mesmo horizonte”

É notória a dificuldade que o Presidente da Câmara de Faro tem em lidar com a divergência, mesmo daqueles que lhe são próximos. Esta semana, em texto publicado no Correio da Manhã, a pulsão autoritária e populista veio de novo ao de cima.

Macário Correia arroga-se ao direito de estabelecer os limites da intervenção e do pensamento da oposição. É a governação absolutista de que aqui já havíamos falado.

Não percebe porque outros pensam de maneira diferente da sua. Não entende porque razão ao seu plano de reequilíbrio financeiro outros contrapõem um plano de saneamento. Não percebe porque razão a oposição não aplaude as suas iniciativas e, ao invés, as critica. Julga-se, por isso, injustiçado não tendo pejo em dizer à oposição como esta se deveria comportar.

A sua lavra, digna de caudilho, é um tratado à verdade anunciada.

Ao crer que o mundo tem o tamanho da sua casa revela todo o seu desprezo pela Democracia. Julgando-se ungindo de poderes divinos vive, afinal, enjaulado na pobreza do seu sebastianismo, arrastando consigo a frustração dos engaiolados, incapazes de alcançar a “liberdade” por meios próprios, ofuscados, que estão, pelo reflexo da sua própria imagem no espelho onde, em vão, tentam encontrar o fio do horizonte.

Não entende o que é a Democracia. Não consegue viver com a Democracia.

Não percebe que, como afirmou Konrad Adenauer, “todos vivemos sob o mesmo céu, mas ninguém tem o mesmo horizonte”.

Sem saber por onde vai, caminha embevecido pela estrada (da arrogância, do populismo e do autoritarismo) à décadas abandonada pelos homens livres.
(Crónica: Correio da Manhã)